Demolidor: Terra das Sombras (Por Jônatas Santos)

Olá, pessoas, tudo bem? Olha só quem voltou, hehehe!

E hoje, trazendo mais uma resenha pra vocês! Dessa vez, de uma das histórias mais relevantes do Demolidor dos últimos anos. Tá legal, ela não é tão emblemática quanto a fase do Frank Miller dos anos 80, mas mesmo assim é sensacional. A meu ver, uma das melhores sagas da Marvel dos últimos anos. Trago a vocês a obscuridade da “Terra das Sombras”! MUAHAHAHAHAHA!!!

Por incrível que pareça, o Demolidor é o grande vilão da saga!

Mas antes, como eu sou um cara bonzinho, vou lhes localizar quanto à cronologia que essa história carrega e no que ela vai influenciar depois dela. Afinal, ela faz parte da continuidade não apenas do Demolidor, mas do universo Marvel como um todo. Vamos lá?

Antes dessa história se iniciar, tenho que informar a vocês que o universo Marvel estava sendo controlado por uma organização chamada H.A.M.M.E.R., que era nada mais do que a versão maligna da S.H.I.E.L.D. Essa organização assumiu o poder depois da que a SHIELD incompetentemente permitiu invasão Skrull ao planeta Terra e acabou deflagrando uma guerra mundial. A ONU se viu no dever de substituir a SHIELD por outra organização com outro líder, então saíram Nick Fury e Maria Hill levando a SHIELD consigo e foi nomeado como presidente da HAMMER ninguém menos do que Norman Osborn. Sim, imagina aí um lunático como o Norman com todo o poder do mundo nas mãos? Coisa boa não ia sair, com toda certeza! Norman por sua vez criou um super grupo semelhante ao da SHIELD, que veio a chamar de Vingadores Sombrios. Nesse grupo havia apenas vilões se passando por bons moços, digo isso porque o Norman tem uma certa tara (quase que sexual) por visuais antigos de super heróis, assim ele pegou a maioria dos seus antigos colegas dos Thunderbolts e os travestiu com roupas antigas dos Vingadores clássicos.

Os Vingadores Sombrios da H.A.M.M.E.R., da esquerda para a direita: Noh Varr (Marvel Boy), Robert Reynolds (Sentry, que mudou de lado), Karla Sofen (Ms. Marvel, antiga Moonstone), Norman Osborn (Iron Patriot, antigo Duende Verde), o deus grego Ares (que mudou de lado também), Daken Akihiro (Wolverine, ele é filho do Wolverine original), Mercenário (Gavião Arqueiro) e McGargan (Homem-Aranha, antigo Escorpião).

Em uma das missões solo do Mercenário (que fazia parte dessa formação dos Vingadores Sombrios utilizando o uniforme antigo do Gavião Arqueiro), o vilão “regenerado” persegue o Demolidor na Cozinha do Inferno, só que, ele está tão obcecado pelo herói que para capturá-lo ele acaba destruindo um quarteirão inteiro e assassinando mais de 100 pessoas de uma só vez. O nosso herói fica extremamente irritado com o acontecido e consegue deter o vilão sem matá-lo. Enquanto isso, acontecendo em paralelo em outras revistas, a HAMMER cai e todos os planos de Norman Osborn para dominação mundial vem à tona, todos os membros dos Vingadores Sombrios vão presos e são tratados como devem ser tratados, como vilões. Além disso, a SHIELD é refeita com Maria Hill na sua direção e Stark como co-diretor (mas isso fica pra outra história).

Mas o Demolidor ainda está magoado por ter “falhado” em salvar 107 pessoas da crueldade psicótica do Mercenário e enquanto o mundo está se refazendo em luz e os verdadeiros heróis estão vindo à tona novamente, é aí que a nossa história começa: com o nosso herói caindo em amargura e auto-julgamento.

O herói se julgando por não ter conseguido salvar 107 vidas inocentes.

O Tentáculo (“The Hand”, em inglês) vem flertando com o Demolidor há muito tempo. Eles estão sem um líder, depois do que ocorreu durante a invasão Skrull (mais detalhes em outro resumo em breve) e eles veem no herói o líder que eles precisam. Mas Murdock sabe que, historicamente, o Tentáculo é uma organização ninja criminosa que possui mais de um milênio de existência e de início ele recusa todos os convites feitos pelos ninjas da organização. Então ele começa a pensar que, se ele se tornar o líder deles, com o tempo ele poderia mudar o modo de operação deles e, ao invés de serem uma organização criminosa, agora eles seriam uma organização pacificadora que atua nas sombras. É aí que Matt Murdock pensa bem e resolve aceitar o convite de ser o novo líder do Tentáculo.

Murdock finalmente aceita ser líder do Tentáculo, afim de transformar a organização em algo voltado para a justiça.

A primeira regra imposta pelo herói é “Nós não matamos mais”, os ninjas do Tentáculo não podem mais ceifar nenhuma vida sequer, não importa de quem seja. A segunda regra é “Iremos impedir qualquer tipo de crime realizado na Cozinha do Inferno”, ou seja, você vai tomar uma bela de uma porrada de ninjas tanto se você roubar um carro quanto se estiver com o som alto ligado até altas horas da madrugada, Murdock não está fazendo distinção de crimes, pra ele tudo é crime e tem que ser punido da mesma forma agressiva. Aqui você já percebe como ao invés de mudar a organização, é o Tentáculo que está mudando o herói.

Autoritarismo, uniforme obscuro e pose de ditador, coisa boa não poderia sair disso.
O que está acontecendo com o Demolidor?

Isso pode ser observado pela sua nova roupa: ele agora utiliza uma versão negra e gótica do seu uniforme original e nos pulsos ele ainda usa um par de lâminas como braceletes, coisa que ele nunca utilizou em toda sua vida de vigilante.

Além disso, no local de onde o quarteirão foi explodido, ele ergueu uma mega estrutura negra semelhante a um castelo feudal japonês antigo, que irradia energia negativa alterando a cabeça e tornando violentos toda a população que mora em torno deles como se fosse uma doença contagiosa.

O castelo negro da Cozinha do Inferno erguido em cima do quarteirão que foi destruído pelo Mercenário.

É nessa saga onde finalmente vemos a justiça (torpe) sendo feita contra o Mercenário. Com a queda da HAMMER, todos os membros dos Vingadores Sombrios voltam para as suas celas. Mas enquanto estava sendo transportados para a Balsa, o Mercenário consegue se soltar e pretende terminar o que começara com o Demolidor, indo direto para Cozinha do Inferno para mais uma vez enfrentar o herói, que agora está um pouco diferente. Atacando com violência e sem se conter, o Demolidor quebra os dois braços do vilão, que fica bastante assustado, e ainda o empala com sua própria arma da mesma forma que ele fez com Elektra anos atrás, de certa forma tornando a morte dele até poética.

O Demolidor pegando pesado com o Mercenário e quebrando os dois braços dele.

Uma morte poética e inesperada vinda das mãos de um herói que nunca tirou uma vida intencionalmente.

Com essa justiça extremista crescendo na Cozinha do Inferno, os heróis urbanos voltam sua atenção para o que está ocorrendo no bairro. Como os Vingadores maiores sempre estão voltados para acontecimentos de fora do planeta ou de escala global, sobra pra os heróis mais comuns vistos injustamente como “menores” irem procurar saber o que estava rolando. Daniel Rand, o Punho de Ferro e Luke Cage são amigos de longa data do Matt e vão lá procurar saber o que estava acontecendo com ele, visto que a onda de crimes combatidos com brutalidade, mas ainda sem mortes, vem crescido nas redondezas. Lá eles se deparam com um Demolidor sombrio, autoritário e extremista. Eles tentam convencer o amigo de que o que ele está fazendo é errado e que de alguma forma a organização sombria o está mudando sem que ele perceba, porém cego pelo poder (desculpe o trocadilho, hehe) ele nega tudo o que está ocorrendo com ele e dispara o ultimato “Quem não está comigo, está contra mim e será combatido como um bandido qualquer, com a mesma justiça e intensidade!”. É aí que duas facções são formadas, a das pessoas que estão a favor da visão (mais um trocadilho, hehe) de justiça atual do Demolidor e a que estão contra o seu modo de agir atual ficando mais ou menos assim: do lado sombrio estão o próprio Demolidor, a Elektra, o Tarantula Negra, Tigresa Branca, Mary Tifoíde e todo o exército do Tentáculo, do lado dos heróis estão: Luke Cage, Cavaleiro da Lua, Punho de Ferro, Shang Shi, Collen Wing, Misty Knight, Wolverine, Homem-Aranha e Justiceiro. Mais de um combate é travado sendo que os heróis levam a pior a maioria das vezes, pois enfrentar um exercito quase sem números de ninjas não é fácil mesmo pra esse pequeno grupo de heróis.

O grupo de heróis urbanos foram convencer o Demolidor a voltar a ser o que era, mas agora ele só conhece a justiça do soco na cara.

A porradaria acontece mais de uma vez.

Por trás de todos esses acontecimentos está ninguém menos que o Rei do Crime, que agora está sem reino algum. Com o controle da Terra das Sombras do Demolidor, ele fica impossibilitado de expandir seus negócios, coisa que não é nada lucrativa para ele. Então, astuto como sempre foi, ele acaba manipulando os heróis, usando uma de suas agentes infiltradas dentro da Terra das Sombras (não darei spoiler, leia para se surpreender) para dar informações aos heróis que são forçados a trabalhar com ele se querem mesmo salvar seu amigo dessa má influência. Wilson Fisk ainda consegue invocar e manipular as vontades de ninguém menos que o Motoqueiro Fantasma. Utilizando um antigo ritual japonês de controle mental, ele invoca o espírito da vingança e o controla, afim de que ele derrube o Demolidor caso os heróis não consigam.

O desfecho dessa história eu deixo por conta da curiosidade de vocês, é uma história muito boa e injustiçada pela maioria dos fãs, óbvio que não tem como ela ser comparada com a fase oitentista do Frank Miller à frente do herói, mas ainda assim é divertida de ser lida e você sabendo localizar ela dentro do universo Marvel, a leitura fica bem fluida, para isso basta apenas você ler o prefácio de cada edição.

Há uma boa explicação para do motivo pelo qual o Matt Murdock não ter conseguido mudar a filosofia do Tentáculo, mas ele ter sido mudado pela organização. Deixo vocês com essa pequena curiosidade abaixo:

Nem o Motoqueiro Fantasma consegue um bom resultado frente ao Demolidor um pouco "alterado".

SOBRE OS AUTORES:

Ela foi escrita e desenhada por vários artistas, mas os idealizadores principais dela foram o Andy Diggle que ficou nos roteiros e o Billy Tan que ficou na fantástica arte. Vale lembrar essa saga não teve apenas as edições da “Shadowland”, a revista principal. Ela foi destrinchada em revistas como “Shadowland: Elektra”, “Shadowland: Motoqueiro Fantasma”, “Shadowland: Homem-Aranha”, “Shadowland: Justiceiro”, “Shadowland: Cavaleiro da Lua”, “Shadowland: Punho de Ferro e Poderoso” que por sua vez mostravam a visão pessoal de cada herói ao que estava acontecendo paralelo a saga principal. O título principal “Shadowland “ tinha o ponto de vista do Demolidor (olha aqui mais uma piada pronta, hehe) e seus asseclas.

SOBRE A HQ:

A saga tem como foco apenas os heróis urbanos do universo Marvel, os chamados heróis de primeiro escalão estavam com outros problemas pra resolverem em paralelo ao que estava acontecendo na Cozinha do Inferno, por isso que você pode se perguntar “E porque o Thor ou o Homem de Ferro não apareceram para acabar com isso logo de uma vez?”, então fica aqui essa explicação bem curta.

Essa história foi originalmente publicada  nos EUA entre setembro e dezembro de 2010 nas revistas: Shadowland 1 à 5 (Andy Diggle e Billy Tan), Blood on The Streets (Antony Jonston), Power Man (Fred Van Lente), Moon Knight (Gregg Hurwitz), Daughters of the Dragon (Jason Henderson), Spider-Man (Dan Slott), Elektra (Zed Wells), Bullseye (John Leyman), Ghost Rider (Rob Williams) ainda fazendo pequenos crossovers com os números finais de Thunderbolts.

No Brasil ela foi originalmente publicada na integra nas revistas Universo Marvel 15 à 20 de junho à dezembro de 2011 e depois a saga principal sem os extras foram compilados no encadernado da Salvat #65 Terra das Sombras de maio de 2016, que foi a edição analisada nesse resumo.

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Um grande abraço, até a próxima e hasta!

Jônatas Santos